Hoje fazendo hora no shopping, entrei na livraria e achei sem nenhuma pretensão o livro: “Crônicas para Jovens; do Rio de Janeiro e seus personagens / Clarice Lispector; organização Pedro Karp Vasquez.”
Comprei até porque Clarice, achado ao acaso, merece ser comprado.
No caminho de volta pra casa, comecei a ler uma crônica chamada “Perdoando deus”, assim mesmo, sem letra maiúscula.
Aos que desejam ouvi-lo eis o link com narração da PERFEITA Aracy Balabanian
E eis que no meio do caminho, lendo na rua. Um rato vivo e vibrante, diferente do que há no texto cruza na minha frente. Parado; estático vejo exatamente ao meu lado outro rato que pretende traçar o mesmo caminho.
Paro de fronte aos dois ratos e penso “Por que Clarice?”, o rato não estava morto, mas minha reação fora o mesmo.
É que “Mundo também é um rato... e eu pensava que estava pronto para o rato também, Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um calculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é (...) É também porque eu me ofendo à toa. É porque (...) sou muito teimoso, É porque sou muito possessivo.”
Eu quero amar as coisas pela beleza delas... Mas não a beleza estética do belo, a beleza da alma, aquela que quando vê um rato na rua, vivo ou morto, sente arrepios na espinha e que sinta arrepios na espinha toda vez que eu lhe entregar uma rosa.
Eu quero amar sem medo de ser feliz
Eu quero ter, mas sem possuir
Quero sentir o gosto; tocar o quente e o frio; cheirar a pele; sorver os lábios; olhar nos olhos.
Não preciso amar o rato ou o mundo, preciso apenas saber que eles existem.
Consciente ou inconsciente MENTE
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