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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar." Tudo da Clarice Lispector

terça-feira, 3 de julho de 2012

Croissants


Paris, 2006

Ele acordava em seu apartamento, depois de uma noite muito especial, levantou-se, olhou ao lado e se perdeu por alguns segundos observando-a dormir. Os lençóis de seda negros contrastavam com sua pela alva, mas faziam um sobretom sob os cabelos negros, voltou-se a si quando ela mexeu-se e espreguiçou-se devido às luzes do sol que desviando da torre – pois como em qualquer filme, de toda janela de Paris é possível observar a Torre – insistiam em penetrar na janela daquela cobertura no 8° arrondissement.
Rapidamente fechou as janelas, beijou-lhe a testa e observou por mais alguns instantes seu dormir. Desceu, ferveu a agua para o café, foi até a boulangerie e pediu “S'il vous plaît Mademoiselle, deux croissants!”, caminhou algumas quadras, e encontrou le fleuriste, e como nos filmes, lhe comprou algumas tulipas amarelas, e caminhando de volta ao apartamento viu borboletas voarem, bolhas de sabão soltas pelos palhaços de rua, um louco tocava violino em troca de uns centavos.
Chegou, a agua já fervia, diluiu o café e aguardou os quinze minutos da prensa francesa, serviu as duas xicaras, colocou os croissants em um prato, alguns tabletes de manteiga, um pouco de geleia de amora, e subiu. Da porta fechada já via a luz por de baixo, ao abrir o vapor dominava o quarto, a porta do banheiro aberta, Carla Bruni alumiando o quarto. Da porta pode observar as pernas brancas sendo cuidadosamente alisadas pelas mãos com esmaltes vermelhos. E ela brincava com a espuma que se formava na banheira e então ele entrou. Agora Zaz já comandava o ambiente, e num movimento rápido ela se levantou, chamando-o, e ainda mesmo de roupa ele entrou. A agua morna molhava suas calças, a camisa rasgando-se, os lábios se tocando, as línguas dançando, as mãos procurando, o pescoço sendo mordido. Ele a carregou no colo levou-a ate sua cama, e lá, deram continuidade ao que faziam na madrugada passada.
Agora, sentados nus na cama, tomavam o café, que aquecido pelo sol e vapor, manteve-se quente por todo aquele tempo. O croissant era dividido boca a boca, assim como os beijos, as tulipas cheiradas e delicadamente desciam por toda a pele agora rosada.

Paris, 2012

Ele acordava em seu apartamento, depois de uma noite qualquer em que se embriagou com um copo de whisky, levantou-se, olhou ao lado e se perdeu por alguns segundos lembrando-se da pela alva contratando com o lençol de seda negro, a maneira como os cabelos negros sobretonavam os lençóis, voltou-se a si quando um raio assustou Paris, desceu e caminhou pelo 8° arrondissement. Foi até a boulangerie e pediu “S'il vous plaît Mademoiselle, Café et croissant!”, bebeu e mordeu o croissant, e lembrou-se de 6 anos, lembrou-se de tudo, voltou a caminhar pelas quadras, encontrou a florista, comprou algumas tulipas amarelas e presenteou um casal de senhores que no banco observavam seus netos brincarem, lembrou-se daquele banco, daquele caminhar que dançava a cada passo, viu borboletas voarem, bolhas de sabão soltas pelos palhaços de rua, e um louco que tocava violino em troca de uns centavos. Pôs-se a observar aquelas duas crianças, que sem angustia nenhuma, que sem medo algum, pulavam e rodavam sobre a grama.
E ouviu a senhora perguntar a neta, “Qu'avez-vous mangé?”, e rapidamente a menina respondeu “J'ai mangé le croissant!”
As lagrimas escorriam pelo rosto, a boca tremia e num soluço, com l'hymne a l'amour, sendo tocado pelo louco do violino, ele entendeu o que acontecerá, ele viu que já era hora de andar, de mudar, percebeu que as coisas tem de ter o tempo delas, que podem durar uma noite ou uma vida, que as belezas são efêmeras como o croissant.

Glossário
Arrondissement – Nome dado aos bairros de Paris
Boulangerie - Padaria
S'il vous plaît Mademoiselle, deux croissants! – Por favor, Senhorita, dois croissants
Le fleuriste – A Florista
S'il vous plaît Mademoiselle, Café et croissant! - Por favor, Senhorita, café e croissant!
Qu'avez-vous mangé? – O que você comeu?
J'ai mangé le croissant! – Eu comi o croissant!